Se dois candidatos a uma vaga possuem perfis parecidos e apresentam uma performance muito similar durante o processo seletivo, o que vale mais? O que, afinal, o recrutador leva em consideração na hora de escolher? Essa é uma das perguntas que mais intrigam quem está à procura de uma vaga de emprego.
“Os critérios de desempate dependem muito da vaga e do skill (habilidade) necessário para ela”, comenta Anna Cherubina Scofano, coordenadora dos cursos de Analista de Recursos Humanos e professora dos MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV). “E depende ainda da natureza da organização e do perfil profissional que ela está buscando naquele momento”, completa a especialista.
Ela explica que, apesar das particularidades de cada vaga, há alguns aspectos objetivos que normalmente são considerados quando os candidatos são muito parecidos:
- Será que vai agregar valor para a equipe? Ou seja, além de cumprir sua função, será que pode trazer novas ideias para o time com qual vai conviver?
- Será que tem perfil multifuncional, ou seja, está preparado para realizar várias tarefas de diferentes tipos?
- Será que está alinhado com os valores da empresa? (critério levado em consideração principalmente por startups)
- Será que tem uma atitude criativa diante dos novos desafios? Ou seja, será que possui mais facilidade em implantar ideias inovadoras? (também muito importante em startups)
Visão mais otimista
Com o mercado de trabalho cada vez mais concorrido, uma das características do seu perfil pode ser o diferencial que fará você vencer os concorrentes e ficar com a vaga dos sonhos. Um bom exemplo disso passa longe de qualquer competência técnica citada no currículo: o senso de humor.
Em terceiro lugar no ranking de 2017 de fatores de desempate usado por recrutadores, segundo um levantamento norte-americano, o senso de humor está associado pelos selecionadores à resiliência, a capacidade de aceitar situações que você não pode mudar e continuar motivado frente a esses desafios. Basicamente, levar a vida com bom humor mostra que o candidato tem a habilidade de adaptação diante de mudanças, o que é valorizado pelas organizações.
Na mesma pesquisa, o primeiro lugar entre os critérios usados pelos recrutadores para desempate ficou para o envolvimento do candidato em sua comunidade, com trabalho voluntário, por exemplo, seguido por ser bilíngue.
Para Anna, o resultado do levantamento faz sentido quando se pensa que as pessoas mais envolvidas com seus pares são mais conscientes do seu papel como cidadãos e seres humanos. “Já faz algum tempo que se considera um fator de diferenciação nos currículos quando as pessoas participam de ações voluntárias, porque isso faz toda a diferença dentro da organização”, explica.
Segundo a professora da FGV, o ideal é que o recrutador lance mão apenas de critérios objetivos. “O recrutador nunca deve usar a subjetividade como um critério e, com isso, dar espaço para preconceitos de qualquer natureza”, pontua. Nesse sentido, também são fatores decisivos, analisados durante as entrevistas e dinâmicas de grupo, o nível de engajamento e comprometimento das pessoas – que será importante para que se dediquem a projetos até o fim e trabalhem de forma harmônica em equipe –, e o que Anna chama de “foco e resultado”, a capacidade de alcançar metas.