Na hora de negociar o salário, seja ainda no processo de contratação, seja no seu atual cargo, fugir de clichês e argumentos já batidos é fundamental. Para ajudar você nessa tarefa que pode ser árdua, mas é necessária para que se sinta reconhecido por seu trabalho, conversamos com Hendel Marum, Master Coach especialista em Psicologia Positiva da Sociedade Brasileira de Coaching (SBCoaching), e listamos suas principais dicas. Acompanhe.
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Como saber qual é o melhor momento para pedir aumento?
Saber qual o momento certo de pedir um aumento pode ser difícil e gerar constrangimento e ansiedade diante da insegurança de, em caso de falha, ser mau visto pela chefia, além do medo de receber uma resposta negativa.
Segundo Marum, a hora ideal é aquela em que o profissional está seguro de que está atingindo as expectativas da empresa para seu trabalho e acumulando mais responsabilidades do que o acordado. Um bom sinal são resultados concretos ou indicadores: mais clientes, melhores números, trabalhos elogiados…
Se ainda não foi contratado, a possibilidade de negociar o salário ainda durante o processo seletivo é muito pequena, pois as empresas costumam ter um valor fixo (ou uma média salarial) que estão dispostas a pagar para aquela vaga. Apenas em casos de cargos executivos há uma abertura maior para negociar os valores logo após aprovação no processo seletivo, visto que o perfil procurado é muito mais específico.
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O que levar em conta na hora de negociar o salário?
Antes de começar a negociar seu salário, busque referências no mercado para entender quanto outras empresas estão pagando para a função pretendida. No caso de quem está entrando no mercado, isso pode ser feito falando com pessoas que trabalham na área ou pesquisando o piso salarial com os sindicatos e associações de cada profissão, por exemplo.
Já quem tem experiência deve se basear no último emprego. Porém, atenção: não apenas no salário em si, mas na remuneração total, a soma do salário com todos os valores recebidos ao longo do ano, assim como os benefícios do cargo – participação nos lucros, auxílio creche, carro da empresa e plano de saúde, por exemplo.
“Se o profissional estiver disponível no mercado, ou seja, desempregado, ele pode assumir que vai haver uma baixa de 25% nesse valor”, alerta o Master Coach. Se ainda está trabalhando em outra empresa, o candidato deve comparar o que recebe atualmente com a nova proposta, antes de decidir.
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Quando há duas propostas diferentes, a com salário maior é sempre a melhor?
Nem sempre um salário base maior é a escolha mais vantajosa quando duas propostas distintas são comparadas. O ideal é levar em conta o valor da remuneração total, contando os benefícios e, claro, pensando em como eles lhe serão úteis (por exemplo: uma empresa que oferece um salário de R$ 1.000 + R$ 660 de vale-refeição pode ser melhor opção do que uma com pagamento de R$ 1.200 na qual o funcionário arcaria sozinho com os custos de alimentação).
Neste caso, não se esqueça de levar em conta o seu fluxo de caixa, pois há lugares que pagam os bônus de seis em seis meses, por exemplo. É preciso analisar suas contas e verificar se é possível adaptar-se ao que foi oferecido. Também considere que os benefícios não têm incidência de alguns impostos, podendo, em certas situações, representar ganhos se comparados a receber o valor como parte do salário.
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Que tipo de argumento eu devo usar na hora H?
Se vai pedir um aumento, tenha em mente que seus argumentos devem se basear em desempenho e não em questões pessoais como dívidas a pagar. Foque nas responsabilidades que você tem na execução do trabalho e na sua performance ao longo do tempo.
Tente, sempre que possível, expressar seu desempenho por meio de indicadores, evitando basear o pedido em necessidades pessoais. Para isso, é possível, além de informar durante a negociação via oral, levar na reunião uma planilha com dados relevantes para sua função que mostrem que está atingindo as expectativas da empresa – ação que também demonstrará que você é uma pessoa organizada.
Dica: não é indicado basear-se no salário de outro colega na hora de pedir aumento. Os valores podem divergir porque estão ligados a diferentes responsabilidades assumidas e ao desempenho de cada colaborador. Fale apenas das suas funções e resultados.
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E se eu trabalho como freelancer, como negociar?
Quem trabalha como freelancer, ou seja, cobrando por projeto, deve estar atento aos valores cobrados dependendo da sua área de atuação. A dica é pesquisar a média paga pelo mercado com colegas que atuem da mesma forma, além de agências que terceirizam trabalhos. Mas sempre coloque na balança fatores como uso de computador próprio, energia elétrica e internet, em caso dehome office, e tempo de dedicação ao projeto – se será possível ou não aceitar outras propostas enquanto executa o trabalho.