É fato: o empreendedorismo entrou na moda e não saiu mais. Mas e aqueles profissionais que, apesar de terem características empreendedoras, trabalham para outras pessoas? Eles também podem exercer seu espírito de inovação dentro das empresas para as quais trabalham – e essa atitude começa a ganhar destaque e ser valorizada dentro das organizações.
Atualmente, o chamado intraempreendedorismo é um dos mais valiosos recursos das empresas interessadas em inovar. Para o professor Marcelo Pedroso, coordenador do mestrado profissional em Empreendedorismo da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA-USP), estimular o espírito empreendedor dentro das empresas é fundamental, mas nem sempre o processo é simples. “As organizações mais tradicionais geralmente não são empreendedoras, muito pelo contrário, elas têm bons sistemas de gestão que dão certa estabilidade e acabam inibindo esses processos internos inovadores”, explica.
Quando incentivados pela cultura organizacional, porém, os colaboradores intraempreendedores podem ser decisivos na criação de produtos, serviços e até processos.
Quem são os intraempreendedores?
Os intraempreendedores são colaboradores que se destacam na análise dos processos atuais, são inovadores e buscam novas oportunidades, sempre com uma visão ampla sobre a empresa.
Segundo Pedroso, a área de Novos Negócios é o grande foco quando se trata de intraempreendedorismo, porque, geralmente, as empresas se concentram apenas em criar diferentes produtos e serviços, e não há um departamento focado no planejamento de diferentes investimentos. Esse processo pode até mesmo dar origem a startups ou diferentes empresas dentro da organização. Por outro lado, o empreendedorismo interno influencia na satisfação e manutenção dos colaboradores, que se sentem ouvidos e motivados.
A boa notícia é que é possível desenvolver uma atitude mais empreendedora. Esse processo, porém, é um processo de experimentação controlada. “Quando se fala em experimentação controlada, isso significa testar um novo negócio que foi planejado, analisar os resultados, e executar as mudanças necessárias. Assim, é um processo contínuo de aprendizado”, explica Pedroso.
Descubra algumas características de um profissional intraempreendedor:
- Mantém o otimismo e a motivação, mesmo diante de grandes desafios.
- É reconhecido por sua energia e perseverança.
- Sente vontade constante de realizar novos projetos.
- Tem propensão para assumir riscos.
Empreendedorismo x proatividade
Naturalmente um empreendedor é uma pessoa proativa – que antecipa e tenta resolver problemas por conta própria, sem precisar de orientações o tempo inteiro –, mas não necessariamente o contrário é válido. Enquanto um proativo toma iniciativa para encontrar um cliente novo para vender o produto da empresa, por exemplo, o intraempreendedor pensa em novos produtos e até em modelos de negócios.
Intraempreendedor x empreendedor
A atitude empreendedora aproxima o profissional que empreende do intraempreendedor. Mas, afinal, o que os diferencia? De maneira geral, o primeiro investe suas energias em uma empresa própria (e precisa ter várias habilidades para conseguir tocar o próprio negócio), enquanto o segundo precisa buscar espaço em uma empresa já consolidada – para isso, se dedica a conhecer a cultura organizacional de onde trabalha e, a partir daí, se perceber abertura, pode permanecer atento aos negócios da empresa, realizar networking com outros funcionários e mostrar suas ideias dentro da organização.
Porém, enquanto o empreendedor precisa compreender e encontrar a melhor maneira de captar recursos externos para o seu negócio, o intraempreendedor precisa entender mais da dinâmica corporativa, incluindo como é realizada a escolha dos objetivos estratégicos e o investimento dos recursos.