Os membros da geração Z, jovens nascidos a partir do final da década de 90, são nativos digitais, ou seja, nasceram e cresceram mergulhados em meio à tecnologia moderna, e parecem estar sempre preparados para o surgimento de novidades na área. Mas será que isso é o suficiente para a integração desse grupo ao novo mercado de trabalho?
Segundo o artigo “Geração Z ingressa na força de trabalho”, publicado pela consultoria Deloitte no ano passado, os desafios dos novos profissionais em relação ao começo de suas carreiras dizem respeito aos atritos e diferenças entre eles e outras gerações, mas são também tecnológicos.
O primeiro ponto a determinar as transformações na entrada desses jovens no mercado é a mudança do tipo de trabalho disponível diante do processo de automação, que transfere parte significante dos serviços para máquinas.
Máquinas X homem
Antigamente o primeiro emprego era caracterizado por ser, geralmente, repetitivo e exigir conhecimentos técnicos mais básicos. Nesse sentido, uma pesquisa do economista norte-americano Robert Gordon mostra que, de 1970 a 2009, funções que exigem habilidades altamente cognitivas cresceu 60%, enquanto as que exigiam ações repetitivas diminuíram 12%.
Sem a necessidade de intervenção humana em atividades rotineiras dentro das empresas, os postos para iniciantes agora exigem um preparo muito maior, além de capacidade de raciocínio crítico elevado. Muitas vagas de emprego para entrada no mercado exigem, inclusive, diploma de ensino superior.
Técnica não é tudo
Apesar de estarem naturalmente mais preparados para lidar com os aparatos tecnológicos em si, os membros da geração Z tendem a ter dificuldades de comunicação e de estabelecer relações interpessoais.
De acordo com o artigo da Deloitte, em uma pesquisa com 4 mil jovens da mais nova geração de profissionais, 92% se mostraram preocupados com os atritos e a distância que o uso da tecnologia pode gerar em relação às outras gerações em suas vidas, tanto na esfera profissional quanto na pessoal.
No mesmo estudo, 37% declararam estarem preocupados com o fato de a tecnologia diminuir sua capacidade de manter relações interpessoais e habilidades sociais.
Isso acontece porque a expansão do uso de aparelhos tecnológicos também influencia diretamente no desenvolvimento das habilidades cognitivas, competências essenciais para o mercado de trabalho do futuro, como resolução de problemas, pensamento crítico e a própria comunicação – hoje, cita o texto da Deloitte, 92% dos líderes de RH acreditam que as habilidades emocionais e sociais são cada vez mais importantes.
As empresas também devem se adaptar
Para o artigo, as empresas devem se preparar e garantir seu poder competitivo reavaliando quais são os conjuntos de habilidades necessários para seus colaboradores. Com isso, cresce a importância do equilíbrio entre as competências técnicas e as socioemocionais, o que também tem consequências na maneira como as organizações selecionam novos talentos.
“A necessidade de profissionais iniciantes com habilidades cognitivas mais desenvolvidas pode encorajar as organizações a olhar para além das áreas mais técnicas”, dizem os autores do artigo. Conseguir estabelecer uma equipe com pessoas que possuam os dois tipos de conhecimento é um diferencial que coloca qualquer empresa à frente das transformações do mercado de trabalho do futuro.