Com o desenvolvimento da tecnologia, algumas habilidades passaram a ser protagonistas no mercado de trabalho independentemente da área de atuação profissional. Chamadas de habilidades do século 21, pessoais ou simplesmente habilidades humanas, elas nos diferenciam das máquinas, dão mais relevância ao conhecimento técnico e impulsionam a performance de qualquer profissional.
“A importância é total. Na verdade, sempre foi, mas só nos últimos anos, após o advento da tecnologia, que muitas empresas começaram a verdadeiramente entender que as habilidades pessoais, em muitos casos, são mais necessárias que as técnicas”, explica Sulivan França, especialista em comportamento humano e presidente da Sociedade Latino Americana de Coaching (SLAC).
Para França, a capacidade de adaptação é fundamental para conseguir um emprego e construir uma boa carreira. “Se você não explorar algo que o mercado precisa nos dias de hoje, você dificilmente terá uma boa colocação em uma empresa”, diz. E o que o mercado pede? O estudo “O futuro do trabalho” (2016), do Fórum Econômico Mundial, publicado no ano passado revelou quais habilidades serão as mais importantes no mercado de trabalho no ano de 2020, e ainda fez um comparativo com as que eram consideradas significativas em 2015.
A habilidade para resolver problemas complexos ainda deve liderar a lista, segundo o estudo, porém, habilidades como pensamento crítico e criatividade têm ganhado cada vez mais destaque. Inteligência emocional, a capacidade de lidar bem com as próprias emoções, ganha relevância.
Habilidades fundamentais
Antes mesmo do Fórum Econômico Mundial, as habilidades humanas já eram ressaltadas como o segredo para manter uma posição de destaque no mercado de trabalho. No estudo “The New Basics” (2006), o autor David D. Thornburg aponta para as que seriam as habilidades de uma nova era – que já começou. Ele examinou as descrições de centenas de cargos disponíveis na internet, e verificou que as habilidades mais requisitadas pelos recrutadores eram fluência tecnológica, comunicação, trabalho em equipe, liderança, solução de problemas e criatividade.
Assim como na pesquisa anterior, liderança e criatividade estão entre as mais citadas no estudo. Para o presidente da SLAC, a liderança é uma habilidade que se adquire. “Existem dois tipos de líderes: aqueles que já nascem com características acentuadas que o credenciam a essa posição, como proatividade, organização e comprometimento; e outros que precisam de desenvolvimento para apresentar estas características e alcançar esta posição. De modo geral, qualquer um pode aprender técnicas para se tornar um bom líder”, explica.
França lembra ainda que, durante alguns momentos de crise, podem surgir outras características que se somem a essas habilidades fundamentais. E, por isso, é importante investir em um desenvolvimento contínuo. “Hoje em dia, o funcionário precisa ter resiliência, se adaptar a situações que mudam a todo o momento. Hoje a pessoa precisa montar sozinha uma grande apresentação, amanhã já está trabalhando em grupo para outro projeto. É necessário que o profissional vá além de suas limitações”, completa.