As tecnologias mudaram radicalmente a forma como as pessoas se veem, se relacionam e lidam com os outros em esferas pessoal, profissional e social. Evidentemente, isso impacta diretamente em questões que envolvem a política, economia e o mercado de trabalho. O relatório “Futuro do Trabalho”, desenvolvido pelo Fórum Econômico Mundial, prevê a perda de mais de 7,1 milhões de empregos entre 2015 e 2020 devido a avanços tecnológicos e fatores socioeconômicos, principalmente aqueles relacionados a funções administrativas.
No Brasil, a combinação dessas duas situações (crise econômica e automação) está afetando mais os jovens: levantamento do IBGE aponta que a taxa de desocupação na faixa etária entre 16 e 24 anos é de 28,1%, quase o dobro da média mundial, segundo estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
A automação e a Inteligência Artificial (IA) já impactam um número cada vez maior de profissões e o futuro revela-se imprevisível – outro dado do Fórum Econômico Mundial aponta que 65% das crianças que estão no primário atualmente irão trabalhar em empregos que ainda não foram inventados. Dessa forma, que tipo de educação e formação os jovens precisam ter hoje para se prepararem para o amanhã?
Competências do século 21
Diante desse mundo que não para de mudar o tempo todo, habilidades fundamentalmente humanas, como a comunicação, criatividade, pensamento crítico e resolução de problemas, são as que se mostram mais relevantes. Muitas vezes chamadas de soft skills, elas fazem parte da nossa vida desde o nosso nascimento, mas acabamos não as desenvolvendo de forma sistêmica e estruturada, e hoje são competências-chave para o sucesso profissional.
Pessoas que tenham essas habilidades desenvolvidas e equilibradas conseguem lidar com os desafios e trabalhar melhor em equipe – pontos essenciais em processos seletivos e listados como características desejáveis de um bom colaborador. E não chega a ser surpresa, afinal, alguém que tenha facilidade para lidar com pressão e ver soluções em problemas complexos, ser mais aberto a feedbacks, ter mais empatia, é um indivíduo mais preparado para lidar com a crescente demanda do mundo e as mudanças constantes do universo corporativo.
Transformação no processo seletivo
O mercado aponta para a necessidade de um perfil que vá além de uma boa formação. Assim, as ferramentas usadas para a seleção devem ser aptas a identificar e escolher o candidato ideal. Uma pesquisa do LinkedIn, a rede social cada vez mais usada como plataforma de busca entre companhias e profissionais, aponta que 63% das organizações têm dificuldade em analisar as soft skills nos modelos tradicionais de entrevistas.
Se hoje há uma nova demanda no mercado por profissionais com essas habilidades desenvolvidas e o conhecimento técnico não é mais suficiente, é necessário ser disruptivo também nos processos seletivos. As empresas precisam inovar, trazer novos métodos, ferramentas e se beneficiar do que a tecnologia pode trazer de melhor. Em processos seletivos on-line, algoritmos e Inteligência Artificial têm mais precisão na hora de avaliar, enquanto que a gamificação pode ser usada para engajar e mobilizar os candidatos.
Voltando aos números, mais de 56% dos participantes da pesquisa do LinkedIn apontam que a inovação nos modelos de entrevista é extremamente importante para o futuro das contratações, sendo que no Brasil esse número chega a 67% – e os desafios são ainda maiores com jovens de até 24 anos, pois fazem parte do grupo que tem demonstrado mais insegurança com essas transformações.
Se estamos discutindo evolução nas mais diferentes áreas, é fundamental repensar os processos de recrutamento e seleção. Eles precisam ajudar não só os candidatos a conseguirem vagas que sejam suas caras e feedbacks mais consistentes que um simples “sim” ou “não”, como também as empresas na identificação de um talento alinhado com o propósito do negócio, que vai fazer o seu negócio ir mais longe.