No dia 19 de novembro é comemorado o dia mundial do Empreendedorismo Feminino, uma data criada pela ONU.
Como a Tamboro é uma empresa fundada por duas mulheres, achei importante abordar esse tema e trazer alguns dados sobre a participação feminina não apenas na construção de marcas e empresas, mas também como respostas aos desafios impostos pela economia; aos desafios da representatividade (se somos mais da metade da população, esta representação deve acontecer em todos os segmentos e dimensões sociais) e mais, muito mais.
Bom, vamos então ao porquê desta data ser tão simbólica e importante e o que podemos esperar da luta por direitos iguais.
Por que comemorar essa data?
Para começar, a participação feminina no mercado de trabalho deve ser comemorada com vigor uma vez que o ambiente corporativo historicamente é majoritariamente masculino. Se fizermos o recorte da presença de mulheres em cargos de liderança, este abismo aumenta.
Chegamos ao século XXI e “empreender” ganhou destaque e se tornou fonte inesgotável de palestras, cursos e livros. Fórmulas de sucesso aos quatro cantos, muitas vezes, cantadas por quem, inclusive, nunca empreendeu. Curioso, no mínimo!
Hoje, a maioria dos microempresários individuais (MEI) no Brasil são homens. Questão de tempo para isso mudar – afinal, de acordo com o @Sebrae, 48% dos MEIs no Brasil são mulheres. Ainda assim, até 2018, apenas um terço das empresas brasileiras possuíam mulheres como donas e/ou fundadoras.
Minha aposta (desejo) é que o empreendedorismo feminino ocupe espaços mais e mais relevantes no mercado brasileiro. Mais empresas e mais lideranças femininas, na minha opinião, são capazes de contribuir de forma consistente com a dinâmica social e corporativa no Brasil.
Muitas mulheres possuem a confiança e autoestima fragilizadas quando o assunto é independência financeira, e claro, autonomia no mundo de trabalho. Isso se deve a diversas crenças e fatores culturais que alimentam nossa educação ao longo da vida (violência estrutural é apenas uma delas). A autonomia econômica deve ser um mantra, um propósito a ser perseguido quando discutimos os aspectos ligados ao empreendedorismo feminino.
Mulheres independentes financeiramente são livres para decidir suas próprias vidas. São capazes de sair de círculos de violência. São fortes e conscientes para impactar de forma positiva não apenas suas vidas, das também de toda a comunidade onde ela está inserida.
Precisamos ter intencionalidade e consciência da tamanha relevância e potência de termos mais e mais mulheres empreendendo no Brasil. Quando o cenário do País começa a mudar, precisamos capturar essa janela de oportunidade e tornar essa discussão irreversível de forma a criar um ambiente social e economicamente propício para que mais e mais mulheres assumam a posição de fundadoras/co-fundadoras e líderes em empresas.
Sobre as vantagens de termos empresas com lideranças femininas? Senta que vem história!
O mundo mudou. O mercado também. Quem muda o mundo, são as pessoas. E, nesse contexto, como uma sociedade em constante evolução, estes valores começaram aos poucos a mudar e a influenciar positivamente a discussão sobre a participação e influência feminina no mercado. Conseguimos comprovar por meio de pesquisas que mulheres empreendem de forma diferente aos homens. Temos outras motivações e enfrentamos outras dificuldades.
A maternidade é sim um gatilho para mulheres empreenderem: a minha, inclusive, foi um divisor de águas na minha vida nesse sentido. Certa vez ouvi a Ana Fontes, fundadora e presidente da Rede Mulher Empreendedora e do Instituto Rede Mulher Empreendedora. dizer: “afinal, nasce um filho, nasce uma mãe, nasce uma empreendedora.”
Estamos falando de um mundo globalizado onde há uma interdependência maior – toda nação impacta uma a outra, em escala global – e a competição acirrada abre espaço para parcerias e alianças. Colaboração e co-criação. Diversidade. Pluralidade.
Empresas mais humanizadas
Não há como falar de empresas humanizadas e não destacar a influência e iniciativas de mulheres nessas ações junto à pequenas, grandes e médias organizações.
Durante a pandemia, mudanças pecept[iveis se colocaram na maneira em que os colaboradores/equipes e estruturas internas eram percebidas e passaram a se comportar por conta do isolamento social e trabalho remoto. Emoções, crises/problemas pessoais e profissionais têm sido abordadas com maior frequência e recorrência influenciando de forma significativa a forma como os CNPJs precisam passar a lidar com os CPFs que fazem o dia a dia do negócio acontecer.
Alguns valores que são considerados novos no ambiente corporativo, na verdade, estão intimamente ligados ao ambiente e experiência familiar – afinal, por conta do isolamento, estamos em trabalho remoto trazendo a nossa vida pro trabalho, e o trabalho pra nossa vida íntima e pessoal. Um grande desafio, que traz consigo muitas oportunidades.
Tamboro e o empreendedorismo feminino
Tamboro significa “para todos, sem exceção” na língua dos Ingarikós – população indígena que habita as imediações do Monte Roraima, na tríplice fronteira entre Brasil, Guiana e Venezuela.
Nunca duvidamos que este fosse um nome perfeito para uma empresa que acredita que a educação e o aprendizado contínuo são as únicas formas de se transformar a sociedade que temos na sociedade que queremos.
Na Tamboro, queremos contribuir com o desenvolvimento do potencial máximo que cada um de nós carrega! Começamos, Samara Werner e eu, há 08 anos, como uma empresa dedicada à educação básica. Avançamos então para a formação de jovens no mercado de trabalho e, hoje, ganhamos maturidade nos métodos de identificação e desenvolvimento de talentos online, de forma totalmente escalável, aferível e contextualizada.
Desenvolvemos pessoas pautadas em análise de dados através de um algoritmo baseado em inteligência artificial. Conseguimos desenhar atributos de forma massificada e em larga escala, criando procedimentos mais robustos na identificação das melhores habilidades dos colaboradores e da força de trabalho na ponta da operação.
Apostamos na tecnologia para democratizar e impactar o maior número de pessoas e, para garantir maior engajamento no processo, também criamos uma metodologia própria e inovadora, com atividades online e gamificação.
Samara, Engenheira, eu, Jornalista. Nos conhecemos em 2004 e, desde então criamos e implementamos muitos programas ligados à educação e tecnologia reconhecidos e chancelados por organizações nacionais e internacionais. Nossos valores dialogam e se encontram no contexto de uma crença comum: a educação precisa dialogar com os desafios do mundo contemporâneo! Tem mais dessa história contada numa matéria bem legal no site da Endeavor.
Por fim, que é sempre o começo
Dia 19 de Novembro é o Dia Mundial do Empreendedorismo feminino. Véspera do Dia da Consciência Negra. Muitos motivos para escrever com intencionalidade. Há que se ter empatia pelo tema diversidade? Sim! É o suficiente? Não! Se não agirmos para mudar, nada mudará. Me pergunto, todos os dias, o que fiz de diferente para contribuir com a mudança.
Publicações em redes sociais fazem parte do processo, cumprem um papel, mas não são relevantes o suficiente para dar conta dos desafios muitos que, como mulheres – no caso das mulheres negras, desafios ainda maiores! – sabemos que ainda vamos enfrentar e que precisamos combater.
A jornada é longa. Os desafios são muitos. Estamos nos preparando, estudando, trabalhando, agindo, inspirando, produzindo mais e mais para garantir que a voz de uma seja amplificada por e para muitas! Sigamos em busca de mais equilíbrio e equidade.
Esse texto foi a forma que encontrei após participar de um evento no dia 19/11/2020, dia do Empreendedorismo Feminino, com conteúdo extremamente relevante e com mulheres inspiradoras que fazem acontecer promovido pelo Sebrae DELAS. Após aprender e compartilhar, vim aqui formalizar minha crença na educação, na inovação e no empreendedorismo cada vez mais diverso e plural.
Deixo aqui o convite pra você acompanhar nosso blog e redes sociais (@tamboroedu) onde falamos sobre nossas crenças na educação, na inovação, no uso de dados para tomada de decisão, na tecnologia como forma de democratizar o acesso, priorizando sempre a experiência e a colaboração entre as pessoas. Como diria um educador mineiro inspirador que sinto muita falta, professor Antonio Carlos Gomes da Costa: “não é preciso estar perto, para estar presente”.
Artigo originalmente publicado no LinkedIn. Siga a Maíra Pimentel.
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