Entre as grandes tendências de Recursos Humanos observadas para este ano está a adoção de novas técnicas de entrevista que passam a valorizar mais as habilidades essencialmente humanas, chamadas de soft skills. Para 63% dos 9 mil recrutadores e gestores de RH – de 39 países, incluindo o Brasil –, é justamente na avaliação dessas habilidades comportamentais que as técnicas usadas atualmente nos processos seletivos da maioria das empresas mais falham.
Apesar de ainda muito populares, as entrevistas tradicionais estão ficando desacreditadas pelos recrutadores. “Foi demonstrado que elas podem até mesmo reduzir o impacto de informações mais úteis. Entrevistados atraentes e carismáticos não são necessariamente mais capazes, por exemplo, mas inconscientemente supomos que sejam”, descreve o relatório da pesquisa feita pelo LinkedIn, maior rede social profissional do mundo, nas conclusões.
Os profissionais de RH consultados relatam, principalmente, que as técnicas atuais podem levar a problemas de viés de interpretação e de avaliação das soft skills por ser difícil detectá-las apenas por meio de uma conversa.
Divulgada no começo do ano, a pesquisa detectou, além das mudanças nos métodos de entrevista e seleção, um movimento para o uso de inteligência artificial, a implantação de parâmetros baseados na diversidade e a utilização de Big Data pelas empresas.
Conheça agora as principais tendências que os departamentos de Recursos Humanos devem adotar a partir deste ano em seus processos para selecionar novos talentos.
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Novas técnicas de entrevista
As inovações nos métodos de entrevista são consideradas como muito importantes para o futuro do recrutamento por 56% dos ouvidos. No Brasil, o número sobe para 67%. Algumas tendências são vídeo-entrevistas e a avaliação de soft skills, como comunicação, liderança e capacidade de resolver problemas.
Segundo 59% dos profissionais de RH entrevistados, a avaliação de soft skills é uma das principais inovações no que diz respeito a técnicas de entrevista úteis para os próximos anos. Em destaque estão as avaliações de soft skills on-line porque, diz o LinkedIn, elas conseguem oferecer uma visão mais integral do candidato logo no início do processo seletivo – como o nível de curiosidade ou capacidade de trabalhar em equipe.
“As avaliações de soft skills estão aqui para ficar. No ambiente de hoje, existe uma demanda por informações para se tomar melhores decisões de contratação, para entender melhor quem tem maior probabilidade de sucesso em nossas empresas e quem tem maior probabilidade de ficar nelas”, afirma Courtney Storz, chefe de recrutamento global do Citi, um dos exemplos de aplicação das novas tendências citados pela pesquisa.
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Foco na diversidade
A mudança mais adotada entre os departamentos de Recursos Humanos do mundo, segundo a pesquisa, é a preocupação com a diversidade, que está diretamente ligada com a cultura da empresa e seu desempenho financeiro – já que há “evidências crescentes de que equipes diversas são mais produtivas, mais inovadoras e mais engajadas”.
Dos recrutadores participantes, 78% disseram que essa é a maior tendência observada em seus trabalhos atualmente. A mesma porcentagem declarou que essa é uma forma de aperfeiçoar a cultura, enquanto 62% afirmaram que isso melhora o desempenho dos colaboradores.
A diversidade de gênero é que ganha mais atenção, com 71%. Outros 49% dizem pensar em etnia, e 48% em idade.
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Big Data no centro das atenções
Com o aumento das bases de dados disponíveis e das formas de analisá-las, essa é uma tendência crescente. A ideia, segundo o LinkedIn, é de que as empresas comecem a prever, com o uso dessas informações, quem precisam contratar em vez de apenas procurar os profissionais às pressas quando necessitam. Atualmente, 64% dos recrutadores usam o recurso apenas “às vezes”, porém, 79% indicam que pretendem utilizá-lo nos próximos dois anos.
Nesse caminho, as empresas mais sofisticadas estão organizando os dados que possuem para tentar usá-los estrategicamente no processo seletivo de profissionais, alimentando os sistemas que, com o uso conjunto da Inteligência Artificial (IA), poderão complementar o trabalho da equipe de seleção de novos talentos.
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Inteligência Artificial como aliada
A Inteligência Artificial foi indicada por 58% dos entrevistados como um subsídio para formar uma base maior de profissionais candidatos e economizar tempo, na medida em que permite automatizar tarefas como a seleção dos currículos e responder a perguntas dos candidatos (através de chatbots).
Isso não quer dizer, porém, que as máquinas substituirão as funções humanas. A Inteligência Artificial auxilia no fluxo de trabalho, mas é vista como menos útil para afazeres mais complexos, como a elaboração de estratégias de recrutamento e o relacionamento com os candidatos – o que inclui as entrevistas – que continuam responsabilidade dos profissionais de RH.